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Lesões ortopédicas nos praticantes de beach tennis no Brasil
2024 Ago

Lesões ortopédicas nos praticantes de beach tennis no Brasil

O beach tennis (BT) foi criado na Itália em meados de 1987 e chegou ao Brasil em 2008. A Confederação Brasileira de Beach Tennis estima que haja cerca de 300mil praticantes, com grande crescimento após a pandemia. O esporte é uma mistura do tênis tradicional, vôlei de praia e badminton. Foi realizado um estudo transversal, por meio de questionário aplicado de maneira presencial em 185 praticantes de BT, durante torneios e treinos em clubes das cidades de São Paulo e São Caetano do Sul, entre setembro de 2021 e janeiro de 2022. Na primeira parte, foram coletados os seguintes dados: idade, sexo, altura, peso, índice de massa corporal (IMC) e lado dominante. Na segunda parte, investigamos o tempo de prática (em meses, dias por semana e horas por semana), a participação em competições, a categoria, a experiência com outros esportes e uso de backhand com as duas mãos. A classificação por categorias foi autorrelatada e é dividida, de acordo com o desempenho em competições, em “Pro” (profissional) seguida das categorias A, B, C e iniciante.
A presença de lesões ortopédicas foi relatada por 78 praticantes (48,8%) de uma amostra de 185 praticantes da modalidade. A maior prevalência encontrada foi nos MMII, com 48 lesões (30,0% de todas lesões). Quanto aos outros segmentos, foram relatadas 18 lesões na coluna (11,3%), e 40 lesões nos MMSS (25,0%).Em relação às lesões na coluna, foram encontradas afecções do disco vertebral em 55,6% dos praticantes. Já nos MMSS, as maiores prevalências de lesões foram as tendinopatia (47,5%) e epicondilite (32,5%). Nos MMII, as lesões de joelho foram as mais comuns, com lesão do menisco (31,3%), seguida de síndrome fêmur patelar (25%), e lesão ligamentar (14,6%).Também verificou-se que os jogadores que não tinham experiência prévia com outros esportes com raquete tiveram menos lesões (52,4%; p ¼ 0,015). Além disso, a prevalência encontrada de lesões conforme o tempo de prática do BT não foi proporcional. Nos praticantes até 12 meses e naqueles com mais de 36 meses, foram encontradas 28,2% e 25,6% de lesões, respectivamente; assim, o maior número de jogadores com lesões ortopédicas foi encontrado nos praticantes entre 13 e 36 meses. Apesar do número total de participantes ser relativamente pequeno e concentrado numa única região metropolitana, este trabalho demonstrou uma população homogênea, sem diferenças estatísticas em termos de sexo, idade, peso ou altura. Neste, estudo foram consideradas lesões ortopédicas todas as lesões sintomáticas relatadas pelo atleta que surgiram ou se agravaram devido à prática do BT. Quanto à incidência das lesões, 78 (48,8%) praticantes tiveram lesões ortopédicas .
As lesões ocorreram principalmente nos MMII, seguidos dos MMSS e da coluna. Nos MMSS, o ombro foi o local mais lesionado, tanto na análise francesa quanto na brasileira. Já nos trabalhos que avaliam os jogadores de tênis, encontrou-se o maior acometimento do cotovelo, sendo a epicondilite lateral a mais prevalente. Essa diferença entre o tênis e o BT provavelmente deve-se à biomecânica de cada esporte. No BT, a maioria dos movimentos acontecem acima da cabeça, o que provavelmente leva a número maior de lesões no ombro. Nos MMII, as lesões ocorreram mais no joelho. Contudo, no estudo prévio sobre o BT, as lesões mais comuns se deram na coxa e nos pés. Nos praticantes de tênis, o tornozelo e a coxa são os locais mais comuns de lesão. É reconhecido que os esportes na areia necessitam de mais gasto energético e trabalho muscular quando comparados aos esportes de quadra de superfícies duras, portanto, tornozelo, quadril, e joelhos podem apresentar-se mais lesionados. Foi encontrado maior índice de lesão naqueles que já praticaram ou praticavam outro esporte similar (66,7%). Além do mais, o tempo de prática do esporte também pareceu influenciar o aparecimento de lesões, assim como a categoria dos praticantes. A prática do BT por até 12 meses e o menor tempo de treino por semana resultaram em índices menores de lesões ortopédicas, assim como também houve menos lesões relatadas entre a categoria iniciante. Outros parâmetros, como sexo, lado dominante, uso do backhand com as duas mãos, participação em competições e prática de outros esportes não obtiveram relevância estatística nos praticantes com ou sem lesão ortopédica no presente estudo. 
Assim, foram encontradas lesões ortopédicas em quase a metade dos praticantes de BT, preferencialmente nos MMII, com incidência de lesões de 0,82 a cada mil horas praticadas. A idade, a experiência com outros esportes de raquete, a categoria, as horas semanais de treino e o tempo de prática do esporte influenciaram na incidência de lesões ortopédicas.
 

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                              Dr Alberto Martins Fontoura Borges 

                                 CRM 77808 /RQE 53551/TEOT 18634

FONTE:v59n3a12.pdf (gn1.link) Rev Bras Ortop 2024;59(3):e415–e419.

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